Montagem e manutenção de aquários – Parte II – equipamentos essenciais

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Tempo estimado para leitura: 4 minutos

Dando sequência à série de textos sobre como montar e manter um aquário, este texto vai tratar sobre os equipamentos essenciais para garantir o sucesso desse hobby.


Quais são os equipamentos necessários para montar um aquário?

Por: Bernardo Baldisserotto

Outros equipamentos essenciais para garantir a qualidade da água do seu aquário são os filtros. Três tipos de filtragem devem ser disponibilizados no aquário: mecânica, química e biológica. Pode-se comprar filtros que executam os três tipos de filtragem, ou cada uma pode ser feita por um filtro diferente. Também é possível construir um filtro que execute esses três tipos de filtragem, nesse caso a água deve seguir na ordem descrita abaixo.

Filtragem mecânica: utilizada para retirar as partículas grandes suspensas na água. Essa filtragem pode ser feita por uma esponja comum ou por uma manta acrílica. Qualquer que seja o material escolhido, ele deve ser lavado ou trocados quando se observar que está sujo, caso contrário perde sua eficácia.

Filtragem química: retira os compostos orgânicos e outros produtos químicos (medicamentos, por exemplo) contidos na água. Geralmente utiliza-se carvão ativado granulado para esse fim. O carvão ativado também retira o cloro (cloreto) da água, mas essa função exercida por ele não deve ser a razão principal para usá-lo no aquário, pois o cloro deve ser removido antes da água ser colocada no aquário. Futuramente comentaremos sobre a água do aquário.

Filtragem biológica: consiste em bactérias que participam do ciclo de nitrogênio. Os animais aquáticos excretam amônia, que é tóxica em baixas concentrações. Resíduos da alimentação e fezes também são degradados na água e podem se transformar em amônia.

Uma vez na água, a amônia é oxidada por bactérias do gênero Nitrosomonas e é transformada em nitrito (NO2-), o qual também é tóxico em baixas concentrações. O nitrito, por sua vez, é oxidado por bactérias do gênero Nitrobacter e forma nitrato (NO3-), o qual é muito menos tóxico. Portanto, o filtro biológico deve ser construído de forma a servir como local de crescimento dessas bactérias.

O filtro biológico pode ser feito no fundo do aquário, embaixo da placa de plástico mencionada no texto anterior desta série sobre aquários. Sob essa placa de plástico deve haver pedras de cascalho, cerâmica ou “bio-balls”, que serão os locais de fixação das bactérias. Existem também filtros prontos que podem ser fixados dentro ou fora do aquário e propiciam o local de crescimento para as bactérias.

Um detalhe importante sobre o filtro biológico é que, ao contrário do mecânico e do químico, ele não vem pronto para o uso, para utilizá-lo eficientemente é preciso esperar um tempo para que as bactérias cresçam e se desenvolvam.

As bactérias também não vêm com o filtro, é necessário introduzi-las no aquário, elas podem vir com os animais e a água nos quais eles foram transportados ou pode-se comprar uma solução que as contém.


Se forem introduzidos peixes ou outros animais em um aquário novo, ou seja, que ainda não desenvolveu suas próprias bactérias, corre-se o risco deles morrerem intoxicados pelo excesso de amônia, pois como eles a produzem e não há bactérias Nitrosomonas em quantidade suficiente para transformá-la em nitrito, e muito menos bactérias Nitrobacter para formar nitrato, a água ficará tóxica para eles.

O ideal é colocar um número muito reduzido de animais no aquário (um ou dois apenas) juntamente com alguma água ou pedras de um aquário já estabilizado (contendo as bactérias). Se você medir os níveis de amônia, nitrito e nitrato na água ao longo do tempo, perceberá que nos primeiros dias ocorrerá um aumento dos níveis de amônia produzida pelos excrementos dos animais.

Aos poucos, as bactérias Nitrosomonas irão crescer e transformar amônia em nitrito, o que levará a um aumento dos níveis de nitrito e consequente redução dos níveis de amônia.

Na sequência, o crescimento das bactérias Nitrobacter aumentará a transformação do nitrito em nitrato, reduzindo os níveis de nitrito e aumentando os de nitrato. A duração desse processo dependerá da quantidade de amônia produzida pelos animais e do crescimento das bactérias.

Uma possibilidade a ser considerada e que pode acelerar o desenvolvimento das bactérias e evitar a perda de animais por intoxicação por amônia ou nitrito ao longo do processo, é inicialmente não colocar nenhum animal no aquário, e sim uma solução contendo as bactérias e outra com amônia (essas soluções podem ser compradas em lojas especializadas em aquários). Neste caso, os animais só seriam colocados no aquário após todo o ciclo do nitrogênio ter sido estabilizado.

Bernardo Baldisserotto é graduado em Oceanologia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande, mestrado e doutorado em Fisiologia Geral pela Universidade de São Paulo, pós-doutorado na MacMaster University, Canadá. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência na área de Fisiologia e Farmacologia aplicada à Piscicultura, atuando principalmente nos seguintes temas: jundiá, qualidade da água, osmorregulação, crescimento e uso de óleos essenciais como anestésicos e para promotores do crescimento e tratamento de doenças e parasitoses em peixes.

Leia também as outras postagens que compõem essa série sobre montagem e manutenção de aquários:
Montagem e manutenção de aquários – Parte I
Montagem e manutenção de aquários – Parte III – outros equipamentos para seu aquário


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