É possível afirmar que um cão é mais ou menos inteligente em função da sua raça?

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Não é de hoje que são feitas pesquisas, experimentos, estudos e livros são escritos para determinar quais são as raças de cachorro mais inteligentes do mundo, cada um desses eventos elege seus critérios para determinar, através de comparações, quais são os cães “mais inteligentes”.

Porém, acreditamos que, mesmo com base científica, o que a maioria desses estudos faz é confundir inteligência com capacidade de treinamento. Por definição, cada raça foi aprimorada para atender demandas específicas dos humanos, portanto isso não pode ser considerado inteligência. Vamos tentar explicar melhor nosso ponto de vista a seguir.


Conforme escrevemos acima, muitos estudos creditam inteligência aos cães que aprendem truques mais facilmente e que repete movimentos ou obedecem aos comandos humanos sem pestanejar.

Estudos mais recentes, baseados em cognição canina, vão um pouco mais além e entendem que essa é apenas uma das formas de medição da inteligência dos cachorros, mas que ela também é composta, além de boa memória e fácil treinamento, de atenção, capacidade de tomar decisões baseado nas suas próprias experiências, ou até mesmo capacidade de solucionar novos problemas. Mas voltamos a questionar, isso pode ser medido pela raça ou é característica de cada cão?

Além disso, concordamos que esses estudos envolvem ciências, técnicas e profissionais qualificados para tanto, mas aqui no blog “Lar, Doce Lar” nós sempre questionamos esses critérios e qual a validade e importância do resultado desses estudos para nós e nossos pets.

O que acreditamos é que, na verdade, existem raças que podem ser treinadas para tarefas e trabalhos específicos em que terão um melhor desempenho que outras porque foram aprimoradas para tanto, mas será isso um sinal de inteligência? Além disso, será que é uma boa medida escolhermos nosso melhor amigo pela sua possível inteligência? E já imaginou o que seria de nós se ele também pensasse assim para nos escolher? 🙂

Um exemplo recente dessa definição de inteligência canina foi a publicação de um ranking no site Dog Breeds List (lista de raças de cães), em que eles classificaram 137 raças em ordem de “inteligência”.

Para você entender melhor os critérios desse ranking, eles organizaram a lista de acordo com a capacidade de cada raça de cachorro em entender e obedecer aos comandos dos humanos.

Os “cães mais brilhantes” são as raças que melhor compreenderam os novos comandos, eles passaram a obedecê-los com menos de 5 repetições e obedeceram ao primeiro comando em 95% das vezes ou melhor. Entre elas estão: Border Collie, Poodle, Pastor Alemão, Golden Retriever, Dobermann, Pastor de Shetland ou Sheltie, Labrador Retriever, Papillon, Rottweiler e Boiadeiro Australiano.

Os “cães excelentes para ensinar” são as raças que compreenderam os novos comandos com 5 a 15 repetições e obedeceram ao primeiro comando em 85% das vezes ou melhor. Entre elas estão: Corgi Galês de Pembroke, Schnauzer Miniatura, Springer Spaniel Inglês, Pastor Belga Tervuren, Schipperke, Keeshond, Braco Alemão de Pelo Curto, Schnauzer Padrão, Spaniel Bretão ou Brittany, Cocker Spaniel Americano, Weimaraner, Bernese Montanhês (Boiadeiro de Berna), Lulu da Pomerânia, Cão D’água Irlandês, Vizsla, Corgi Galês.

Os “cães com ensinamento acima da média” são as raças que precisaram de 15 a 25 repetições e obedeceram ao primeiro comando em 70% das vezes ou melhor. Entre elas estão: Yorkshire Terrier, Schnauzer Gigante, Airedale Terrier, Pastor de Brie ou Briard, Springer Spaniel Galês, Manchester Terrier, Samoieda, Setter Gordon, Setter Irlandês, Elkhound Norueguês, Pharaoh Hound, Norwich Terrier, Dálmata.

Detalhamos essas primeiras classificações para demonstrar que eles foram bem específicos e definitivos nessa classificação, os demais agrupamentos por nível de inteligência foram: “cães de inteligência média de aprendizado e obediência”, que compreenderam os novos comandos entre 25 a 40 repetições e obedeceram ao primeiro comando 50% das vezes ou melhor; os “cães com inteligência mínima para aprendizado e obediência”, que compreenderam os novos comandos com 40 a 80 repetições e obedeceram ao primeiro comando em 30% das vezes ou melhor; os “cães que exigiram um trabalho acima da média”, com menor grau de inteligência de aprendizado e obediência, que compreenderam os novos comandos depois de 100 a 500 repetições e obedeceram ao primeiro comando em 20% do tempo ou melhor; e “os outros”, cães com compreensão de novos comandos somente após 800 a 1500 repetições e que obedeceram ao primeiro comando em 5% das vezes ou melhor.


Se você ficou com curiosidade em saber o grau de inteligência que seu melhor amigo foi enquadrado nesse ranking, todas as raças que eles classificaram podem ser vistas aqui, porém, como afirmamos acima nós achamos que essa é mais uma definição de inteligência equivocada.

Aqui em casa já convivemos com cães das mais variadas raças e com SRD (sem raça definida), os chamados vira-latas – esses então, pobrezinhos, pelo ranking devem ser acéfalos, ou seriam super gênios com a mistura de raças? 🙂 -, e pela nossa experiência podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que essa é mais uma classificação que não condiz com a realidade.

Por exemplo, já tivemos um Schnauzer Miniatura (o Schumacher), que segundo a pesquisa está entre os mais fáceis de ser treinado e, portanto, entre os “mais inteligentes”. Acontece que ninguém conseguia treiná-lo no que ele não tinha interesse em aprender, porém ele conseguia se fazer entender por nós em tudo o que desejava. E

Convivemos também com uma Yorkshire (a Nikita), que segundo o ranking acima é de inteligência média, portanto não tão fácil de aprendizado. Acontece que a Nikita aprendia as coisas sozinhas, de observar o Schumacher ou os outros cachorros fazerem, quando percebíamos ela já estava fazendo algumas coisas sem ensinamentos específicos.

Enfim, nós somos os chamados “cachorreiros”, já convivemos ainda com Cocker Spaniel, vira-latas, Boxer, Daschund, Pug, entre várias outras raças e temos a convicção de que os níveis de inteligência não podem ser classificados ou definidos categoricamente.

Nossa experiência mais recente foi com uma Daschund, que recolhemos na rua, ela é velha (acreditamos que tenha mais de 15 anos), sem dentes, cega e surda. Ela pouco interage conosco em função dessas limitações, mas ela não faz nenhuma de suas necessidades dentro de casa. É claro que ela foi treinada para isso, mas sem conhecer nossa casa anteriormente, como ela sabe que está dentro de uma casa? Além disso, ela descobriu como sair por uma porta da casa, ir até a grama, fazer suas necessidades, passear um pouco, voltar por outra porta, seguir até a água, depois até a comida (que estrategicamente deixamos sempre nos mesmos lugares) e depois voltar para a sua cama.

Algumas vezes ela perde as referências e procura um ponto por onde recomeçar, quando não consegue encontrar algum ela para e choraminga, porque sabe que alguém aparecerá para socorrê-la. Isso sim é sinal de inteligência e não treinamento, não é mesmo?

Concluindo, nossa opinião é que o que existe e é medido nesses estudos é apenas uma tendência para executar algumas tarefas em que algumas raças têm mais facilidade em desempenhar que outras, afinal foi justamente para isso que a maioria delas foi criada, algumas raças foram aprimoradas para caçadas, outras para fazerem companhia aos humanos, outras para garantirem a nossa segurança, entre tantas outras funções.

O que acontece é que, na maioria das vezes, os cachorros agem de alguma forma por associação a experiências passadas, isso sim consideramos que seja um sinal de inteligência e raciocínio.

Vale dizer também que não somos contra esses estudos, mas, como explicamos acima, acreditamos apenas que eles possam apontar para algumas tendências pela característica de cada raça. Apesar de sermos leigos no assunto, não se pode confundir inteligência com capacidade de treinamento.


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