Como preparar meu filho para o mundo real?

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preparar filho para o mundo

Você sabe como preparar seu filho para o mundo? Se quando você tem dificuldades para usar seu computador, telefone ou acessar um canal de streaming você recorre ao seu filho de menos de 10 anos de idade, é porque reconhece que estamos criando uma geração brilhante e cheia de promessas.

Eles dominam todas as novas tecnologias e fazem facilmente o que algumas vezes para nós parece mais como “um bicho de sete cabeças”.

Entretanto, isso não significa que eles estejam prontos e tenham habilidades práticas para enfrentarem a vida real. Pelo contrário, na realidade eles, provavelmente, não estejam bem preparados para isso.


As crianças que hoje, por necessidade da realidade em que vivemos, acabam ficando demasiadamente protegidas e afastadas da vida “não conectada” precisam aprender a lidar com estranhos, principalmente adultos, da forma adequada, antes que atinjam a maturidade.

Eles precisarão desenvolver as habilidades que eventualmente os levarão a situações estressantes com chefes, clientes, questões financeiras, tarefas que exijam perseverança e dedicação e resolução de problemas.

De fato, uma das principais causas de problemas de comportamento é a incapacidade de uma criança de lidar com os problemas básicos da vida.

A cada nova geração de pessoas, com os avanços tecnológicos e com as mudanças comportamentais, surgem novos desafios para preparar as crianças no enfrentamento das questões corriqueiras do mundo real.

Isso sempre foi assim e sempre será, o que precisamos é nos adaptar aos novos tempos na criação dos filhos. A verdade, é que está cada vez mais difícil preparar um filho para o mundo real.

Estudo Pipoca

Para você ter uma ideia de como as situações se repetem, mas em níveis cada vez mais complexos, no final dos anos 1970 foi realizado um estudo que ficou conhecido como “o estudo pipoca”.

De acordo com esse estudo, crianças de dois a quatro anos estavam convencidas de que tudo na televisão era um evento real que estava acontecendo no ambiente delas. Então, quando os cientistas mostraram a elas uma foto de uma tigela de pipoca no aparelho de televisão e perguntaram se a pipoca cairia se o aparelho fosse virado, a resposta foi um sim definitivo.

É interessante saber como as crianças, ao contrário dos adultos, são incapazes de processar o que está em uma tela, seja de telefone, computador ou televisão. Elas precisam de suporte contextual para diferenciar o que é virtual da realidade e isso só será possível se tiverem oportunidade de também olhar para o mundo real.

preparar filho para o mundo - crianças no celular

Mundo Real x Mundo Virtual

Hoje em dia é muito comum observar em cafés, restaurantes ou quaisquer reuniões sociais a quantidade, tanto de adultos como de crianças, curvados sobre seus smartphones, só enxergamos seus rostos iluminados com aquela luz azul prejudicial que emana das telas.

Embora os adultos também corram um grande risco devido a essa exposição exagerada, são as crianças que mais estão enfrentando o peso desse hábito, que poderá se transformar em problemas físicos, emocionais e mentais no seu futuro.

Como a realidade virtual está impedindo as crianças de se envolverem com o mundo real, ao contrário das gerações anteriores, as crianças que nasceram em um planeta obcecado por tecnologia têm uma capacidade diminuída de imaginar e criar, o que está diminuindo seu acúmulo cognitivo e habilidades expressivas.

A maioria das crianças de hoje está conectada a algum tipo de tela por várias horas todos os dias, isso por si só já é suficiente para deixá-las ansiosas, deprimidas e emocionalmente desequilibradas. Estudos mostram que crianças de até dois anos sofrem de inquietação, desapego e ansiedade, devido à conexão profundamente enraizada com seus smartphones.

Então, como fazer as crianças de hoje adquirirem habilidades essenciais para a vida real?

Preparar filho para o mundo não é uma tarefa hercúlea, basta dedicação.

Faça com que seu filho execute tarefas de adultos

Você pode começar isso imediatamente dando-lhe responsabilidades e deixando-o praticar fazendo coisas adultas. Não há regras definidas sobre o que uma criança de cada idade deve saber, isso é bom senso e você deve analisar, pela maturidade de cada criança o que ela tem condições de assumir sem correr riscos desnecessários. A ideia é provocá-la para que faça tarefas de adultos cedo e com frequência.

Veja a seguir algumas sugestões de tarefas:

  • A criança pode lavar sua roupa do início ao fim. Ela deve aprender a separar as roupas, medir o sabão da máquina, pendurar as roupas lavadas, recolhê-las e guardá-las;
  • Ela pode fazer sanduíches, picar legumes para uma salada e até mesmo preparar um jantar simples;
  • Lavar e secar a louça;
  • Faz compras na mercearia do bairro;
  • Enviar uma correspondência, ou checar a correspondência que chega. Provavelmente crianças pequenas nem sabem que existem cartas;
  • Deixe-a comprar alguma coisa na loja de conveniência sozinha enquanto você aguarda encher o tanque do seu carro.

Analise sobre essas tarefas e eventualmente outras que você tenha em sua casa quais seu filho já é capaz de fazer. Usar uma máquina de lavar roupas é mais complicado do que utilizar os smartphones atuais? Provavelmente não. Se o seu filho tem capacidade para descobrir novos aplicativos, instalar e configurar, certamente pode aprender fazer um sanduíche ou fazer pequenas compras.

preparar filho para o mundo - tarefas domésticas

Ensine seu filho a interagir com adultos

Se você tem um filho com 10 anos de idade, ele provavelmente tem bastante prática em interagir com outras crianças de 10 anos, pois essa será a média de idade de seus colegas de sala de aula.

Entretanto essa socialização em sala de aula com crianças da mesma idade não se traduz necessariamente nas necessidades no mundo real.

Preparar um filho para o mundo exige múltiplas convivências

Portanto, não considere que seu filho possa estar suficientemente socializado apenas por frequentar um espaço com pessoas de mesma idade. É fundamental que ele conviva também com pessoas de outras idades, como adultos que não sejam os seus pais. Aprender a interagir com os adultos é como as crianças acabarão aprendendo a procurar emprego, conversar com seus futuros chefes e lidar com o público.

Deixe seu filho praticar atividades que, sob sua supervisão, não envolva riscos para ele. Por exemplo, se você comprou uma roupa para ele e ele não gostou, ou não serviu, deixe-o ir até a loja para efetuar a troca ou a devolução sob sua orientação e observe de longe para que tudo dê certo.

Ou permita que seu filho faça um pedido de pizza por telefone. Provavelmente ele ficará um pouco nervoso nas primeiras vezes, mas em um espaço de tempo muito pequeno já estará à vontade fazendo isso.

Geralmente quando um adulto que está trabalhando atende uma criança ele procura ser paciencioso, afinal todos passamos por isso um dia, e se isso não acontecer, também servirá de aprendizado para seu filho perceber o mundo que o espera.

Prepare-se para a ansiedade que eles enfrentarão ao começar a interagir com o mundo real

A maioria das crianças e adolescentes fica ansiosa quando tem que fazer alguma coisa pela primeira vez. Eles se preocupam em parecer tolos, dizer a coisa errada ou não conseguir pensar em nada para dizer.

Sua ansiedade, invariavelmente, leva-as a procrastinar e evitar situações desconhecidas. Essa procrastinação induzida pela ansiedade pode explicar por que muitos filhos adultos ainda moram com seus pais e não estejam trabalhando.

Isso pode estar acontecendo porque eles não adquiriram confiança e experiência para pedir um emprego a um estranho. E quanto mais velhos eles forem ficando sem ter essa habilidade, mais constrangedor será encarar esse desafio.

É melhor ensinar seu filho a enfrentar uma nova situação em que se sinta constrangido ou humilhado e, mesmo assim, a enfrente o quanto antes, do que postergar atitudes assim que farão com que ele se sinta ainda mais estranho quando adulto sem tê-las enfrentado.

A autoestima de seu filho aumentará na medida em que ele adquirir habilidades e experiências reais.

Seja paciente quando seu filho fizer tudo errado

Não critique seu filho quando ele errar, procure uma abordagem positiva sobre o quanto ele avançou ao enfrentar um novo desafio. Por exemplo, se você não gostar de como seu filho interagiu com um adulto, corrija-o gentilmente e reforce o que ele fez certo.

Se você ficar com raiva e repreendê-lo excessivamente, isso o desencorajará a conversar com outros adultos no futuro, e ele não terá a prática que precisa adquirir. É claro que, se seu filho for totalmente desrespeitoso com uma pessoa que não fez nada para merecer esse tratamento, você deve dar a ele uma consequência apropriada. Preparar um filho para o mundo real é prepará-lo para lidar com pessoas reais.


Ensine habilidades da vida real para fortalecer o relacionamento com seu filho

Ensinar habilidades para a vida é uma oportunidade para fortalecer seu relacionamento com seu filho. É um tempo bem gasto e pode levar a um vínculo mais forte entre vocês. Muitos de nós lembramos com carinho de aprender com um pai ou avô como dirigir, plantar uma árvore ou trocar um pneu furado.

Aprender habilidades para a vida não precisa ser uma tarefa árdua, pelo contrário, pode ser muito divertido. É uma oportunidade de passar um tempo juntos, fortalecendo seu vínculo por meio de uma experiência compartilhada.

Mesmo que nem tudo seja divertido, as memórias podem ser valiosas para toda a vida. Seu filho olhará para trás com orgulho de superar desafios e saber fazer coisas que antes pareciam tão difíceis.

E principalmente, ao encorajar seu filho e esperar que ele faça coisas adultas mostra que você tem confiança nele e se preocupa com seu crescimento e desenvolvimento. Com o tempo de prática, toda a atividade se torna natural.

Outras ações que você pode tomar para seu filho não ficar tanto tempo conectado

Cada pessoa responsável por uma criança deve decidir sob a forma como deseja prepará-la para o mundo real. Por exemplo, algumas pessoas são mais radicais e eliminam completamente o acesso de seu filho a um smartphone, outras preferem um meio termo.

O importante é ter uma linha de ação continuada e racional, para que a criança não se sinta confusa. Afinal, ao preparar seu filho para o mundo lembre-se que isso precisa ter uma lógica.

Listamos abaixo algumas razões pelas quais você deve se preocupar com o tempo que seu filho fica atrás de uma tela.

Crianças conectadas por muito tempo têm interação social diminuída

Conforme já comentamos anteriormente nesse texto, as crianças que ficam muito tempo em frente de uma tela têm uma capacidade diminuída de imaginar e criar, isso está diminuindo sua construção cognitiva e habilidades expressivas.

Como o tempo em frente a uma tela tira completamente o foco do ambiente ao seu redor, sua capacidade de interagir e se comunicar fica drasticamente diminuída. Isso reduz a importância que ela dará aos relacionamentos e à interação real com outras pessoas, pois ela se sente segura e confortável apenas no casulo do seu mundo virtual.

As crianças são vivazes e coloridas em sua imaginação. Deixar que elas passem o dia inteiro com seus smartphones limita sua criatividade e também diminui seus sentidos motores.

Crianças que ficam muito tempo em frente a uma tela têm privação de sono

A privação do sono é mais uma faceta ruim do uso de smartphones entre as crianças. A emissão azul das telas engana o cérebro fazendo-o acreditar que ainda é dia.

Com isso, seu cérebro corta a liberação de um hormônio chamado melatonina, que age sobre o nosso sono, alterando assim o módulo dessa função em nosso organismo. A consequência disso é um sono irregular e sem descanso.

Crianças viciam no uso do telefone celular

O vício é outro dos problemas proporcionados pelo uso de smartphones. Quando uma criança é fisgada pelo seu equipamento eletrônico, ela não sente a necessidade de explorar outras áreas da vida e a sua curiosidade diminui. Isso pode prejudicar seu desenvolvimento geral.

Crianças que usam smartphones por muito tempo tendem a ficar insensíveis

Um dos maiores problemas que as telas podem causar entre as crianças é a perda da sensibilidade às emoções, principalmente à violência.

Hoje, as plataformas de mídia social são repositórios de cyberbullying (violência praticada contra alguém em meios digitais) e outros tipos de assédios virtuais.

Uma interação constante com o mundo virtual levará a uma aceitação de tal conflito, onde as crianças considerarão o comportamento negativo como parte normal da sua vida.

Mas, quanto é muito tempo de uso de um smartphone?

Já é reconhecido pela ciência que as radiações dos telefones têm um impacto adverso, especialmente em um cérebro em desenvolvimento.

Os lobos temporal e frontal ainda estão se desenvolvendo em adolescentes e segurar os telefones perto de seus ouvidos torna seu cérebro suscetível a deficiências e degeneração cognitiva.

A questão é quanto tempo de uso é prejudicial tanto para ficar olhando para a tela de um celular como para ficar com ele junto ao ouvido? Não existe uma recomendação definitiva, apenas a recomendação que se evite fazer isso por tempo demasiado.

Devemos então, limitar o tempo de tela das crianças. O vínculo obsessivo entre as crianças e suas telas tem menos a ver com a idade e mais com a maturidade e a comunicação com os pais.

Uma criança de nove anos pode ser mais responsável do que uma de treze anos. Portanto, não há um parâmetro de idade definitivo para o tempo de tela. No entanto, os pais devem tentar limitar o tempo de tela a não mais de uma hora por dia e, no caso de adolescentes, duas horas devem ser o limite máximo.

Saiba o que seu filho está fazendo na frente de uma tela

Lembre-se que preparar filho para o mundo também significa protegê-lo do assédio pela internet. Quase 70% dos adolescentes admitem esconder suas atividades online dos pais.

O problema dessa atitude é que a internet está repleta de conteúdo ambíguo e, embora os pais não possam parar sua produção, eles certamente podem monitorar a atividade online de seus filhos e, em vez de repreendê-los, podem iniciar um diálogo significativo, explicando-lhes os perigos de usar a internet da forma errada.

Os pais também podem definir algumas regras básicas, como não usar telas durante as refeições, durante a lição de casa e em outras condições que requeiram a atenção da criança para uma situação real.

Não use smartphones para manter seu filho ocupado

As crianças devem ser encorajadas a brincar no estilo antigo. Em vez de entregar um smartphone para seu filho pensando em mantê-lo ocupado, os pais podem dar livros para ler, quebra-cabeças para resolver, estruturas de montar como o Lego ou revistas de colorir.

Isso aumentará sua imaginação e melhorará sua capacidade de interagir com o mundo real.

Mantenha os dispositivos eletrônicos fora do quarto

Essa recomendação vale não somente para as crianças, mas também para os adultos. Como já explicamos, as telas fazem com que nosso sono não seja reconfortante. Portanto, usá-las em demasia antes de dormir é certeza de uma noite mal dormida.

Conclusão

Você precisa preparar seu filho para o mundo. Tenha em mente que as crianças são maleáveis, sendo moldadas de acordo com o seu entorno. Então, reserve um tempo para conversar com seu filho e esclareça que o mundo real é muito diferente do virtual.

Faça com que ele queira ser bem sucedido nos dois mundos. Evite simplesmente entregar um smartphone ou tablet para ele e considerar que ele vai estar se preparando bem para sua vida futura.

Dê o exemplo, nossos filhos nos copiam, não passe o tempo inteiro em frente a uma tela.


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