CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) trata-se de um modelo de agricultura sustentável e comunitária que tem ganhado destaque nos últimos anos.
É um modelo que envolve a conexão direta entre produtores rurais e consumidores finais, criando um sistema baseado na confiança mútua, sustentabilidade ambiental e justiça social.
Você está pensando em se inscrever em uma CSA, mas quer aprender mais sobre a ideia antes de se comprometer? Então, nesse artigo vamos explicar mais a fundo os princípios e benefícios da Comunidade que Sustenta a Agricultura.
Saiba tudo sobre CSA
A Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) é uma parceria entre agricultores e consumidores finais, na qual as responsabilidades, riscos e recompensas da agricultura são compartilhados.
A CSA ajuda a diminuir as crescentes preocupações sobre a falta de transparência, sustentabilidade e resiliência do nosso sistema alimentar. É uma das formas mais radicais de retomar o controle e a propriedade de nosso sistema alimentar.
O princípio que fundamenta uma CSA é que a comunidade apoia o agricultor por meio de uma conexão direta. Não há atravessadores, ou seja, o que é produzido pelo agricultor vai direto para o consumidor.
Na verdade esse modelo não é novo no mundo, iniciou ainda no século passado e tornou-se uma forma popular de os consumidores comprarem alimentos sazonais locais diretamente de um agricultor ou produtor.
Princípio básico de uma CSA
Um produtor oferece um certo número de “ações” ao público. Normalmente isso consiste em uma porção de vegetais em uma caixa, mas outros produtos agrícolas podem ser incluídos.
Então, os consumidores interessados compram uma parte através de uma “associação” ou “assinatura” e, em troca, recebem uma caixa de produtos sazonais todas as semanas durante a estação agrícola.
Essa combinação cria várias vantagens tanto para o agricultor quanto para o consumidor final. Como princípio básico, os agricultores têm a venda garantida de sua produção a um preço justo, enquanto os consumidores consumirão alimentos frescos e variados, de origem conhecida e com a possibilidade de conhecer onde são produzidos.
No entanto, essa parceria vai além, permite ao consumidor conhecer alimentos que geralmente não compraria, permite ao agricultor conhecer o gosto do seu público, entre outros benefícios.
A Comunidade que Sustenta a Agricultura é uma ideia muito simples, mas seu impacto está sendo cada vez mais significativo. Milhares de famílias estão aderindo à CSA no mundo todo, inclusive com demanda reprimida em algumas regiões.
No Brasil já existe uma associação que reúne várias comunidades desse modelo, a CSA Brasil.
Outro aspecto associado a uma CSA é a sustentabilidade ambiental. Em geral, os agricultores que adotam esse modelo seguem práticas agroecológicas, evitando o uso de agrotóxicos e priorizando técnicas de manejo que preservem a saúde do solo e a biodiversidade.
Sendo assim, uma CSA contribui para a conservação dos recursos naturais, a proteção da fauna e da flora, e a redução do impacto ambiental da agricultura convencional.
A história da CSA no mundo
Como já vimos, os programas de Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) são uma maneira prática e confiável de obter produtos frescos.
O conceito de CSA têm como uma de sua raízes os “clubes de membros da clientela” iniciados no Sul pelo horticultor, autor e professor da Tuskegee University, Booker T. Whatley nas décadas de 1960 e 1970. Além disso, tem base na economia agrícola cooperativa europeia, explorada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner nos anos de 1920 e capitalizado por agricultores na Alemanha e na Suíça pós-Segunda Guerra Mundial.
Nos anos seguintes, esse modelo cresceu em popularidade em todo o mundo e agora estão amplamente disponíveis em muitos lugares desde o final do século passado.
No Brasil ainda pode-se dizer que ainda é um conceito recente, mas que tem ganhado muitos adeptos nas últimas décadas.
CSA promove a diversificação de culturas
Como poderia se esperar, se o agricultor passa a conhecer e interagir com o consumidor final, esse modelo incentiva o agricultor a introduzir variações no fornecimento.
Um desses novos modelos é, em vez de preparar uma caixa padrão de vegetais para cada membro a cada semana, os membros montam suas próprias caixas com algumas opções de escolha pessoal.
Assim, o agricultor além de preparar caixas com os vegetais da semana, incentivam os membros a pegar uma quantidade definida do que está disponível, deixando para trás o que suas famílias não consomem.
Além disso, alguns agricultores da Comunidade que Sustenta a Agricultura doam produtos que sobrarem para um banco de alimentos.
Em outros casos, os membros têm uma escolha mais ampla para preencher sua caixa com qualquer coisa que lhes agrade, dentro de certas limitações. Por exemplo, apenas uma porção de morangos por família.
Além disso, alguns produtores não se limitam apenas a produzir vegetais. Eles incluem a opção de os consumidores comprarem ações de ovos, pão caseiro, carne, queijo, frutas, flores ou outros produtos agrícolas junto com seus vegetais.
Há também vários produtores que se reúnem para fornecer seus produtos em conjunto, para oferecer a maior variedade aos seus associados.
Por exemplo, um agricultor pode fazer uma parceria com um vizinho para entregar ovos no ponto de entrega do CSA, para que os membros do CSA possam comprar ovos frescos quando forem buscar suas cotas do CSA.
Outros agricultores estão criando comunidades independentes para carnes, flores, ovos e produtos agrícolas preservados.
Risco compartilhado
Há também um conceito importante contido em alguns modelos de CSA que leva o acordo além da transação comercial usual.
Esse conceito é a noção de risco compartilhado. Em alguns modelos, os membros pagam por toda a temporada e os agricultores fazem o possível para fornecer uma caixa abundante de produtos a cada semana.
No entanto, se houver escassez que não seja por culpa do produtor, os membros normalmente não são reembolsados.
O resultado dessa parceria é uma sensação de “estamos juntos nessa”, o que exige uma confiança mútua. Em alguns modelos, a ideia de risco compartilhado é mais forte do que em outros. Nesse caso, os membros da CSA podem ser solicitados a assinar um formulário indicando que concordam em aceitar sem reclamar o que quer que o produtor consiga produzir.
Muitas vezes, a ideia de risco compartilhado é o que cria um senso de comunidade entre os consumidores e os agricultores ou produtores. Por exemplo, se uma chuva de granizo acabar com todas as pimentas, todos ficarão desapontados juntos e torcerão juntos pela recuperação de outras culturas.
A maioria dos agricultores da CSA tem um grande senso de responsabilidade para com seus membros. Portanto, quando certas safras são escassas, eles garantem que a CSA seja atendida primeiro.
Fatores de conflito entre produtor e consumidor
Ainda assim, é importante saber que ocasionalmente as coisas dão erradas em uma plantação, como acontece em qualquer tipo de negócio. Sendo assim, o esperado não é entregue, e os consumidores podem se sentir enganados.
Mas é preciso ficar claro que esse não é um modelo perfeito. Há ainda casos de baixa produção inaceitável, nesse caso essa CSA para acabar naufragando.
Algumas vezes também há reclamações de membros da CSA em situações em que aparentemente nada deu errado, mas eles tinham expectativas superdimensionadas. Sendo assim, para minimizar decepções e maximizar a satisfação, informe-se bem sobre a Comunidade que Sustenta a Agricultura que você está planejando aderir.
Resumo de CSA
A CSA busca estabelecer uma relação mais próxima entre os agricultores e os consumidores, eliminando intermediários e promovendo a transparência.
Sendo assim, os consumidores tornam-se associados ou assinantes de uma CSA, comprometendo-se a adquirir uma cota de produtos diretamente dos agricultores.
Uma das principais vantagens do CSA é a garantia de consumir produtos frescos e sazonais. Os alimentos são colhidos na época certa e distribuídos rapidamente, o que resulta em maior qualidade e sabor.
Além disso, a CSA incentiva a diversidade agrícola. Isso porque os agricultores podem cultivar uma ampla variedade de produtos, adaptando-se às condições climáticas locais e às preferências dos consumidores.
Ao participar de uma CSA, os consumidores também passam a entender as dificuldades enfrentadas pelos agricultores e apoiando-os de forma contínua.
Isso fortalece a conexão entre a comunidade e a produção, promovendo um senso de pertencimento e respeito ao meio ambiente.
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