Por que guardamos coisas velhas e inúteis?

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por que guardamos coisas velhas e inúteis

Por que será que guardamos coisas velhas e inúteis mesmo tendo a certeza de que nunca vamos precisar delas novamente?

Isso, mesmo praticamente todas as pessoas são apegadas as suas coisas, mas nós realmente sabemos por que motivo?

Somos apegados às nossas coisas, mas realmente entendemos por que às guardamos?

Praticamente todas as pessoas guardam coisas inúteis e, provavelmente, haja uma razão lógica para esse comportamento. Portanto, se você é uma dessas pessoas que guarda coisas “para caso um dia precisar delas”, ou sabe que tem coisas que não usa, mas guarda mesmo assim, saiba que isso acontece geralmente por uma necessidade interna.

No entanto, isso não é necessariamente uma coisa ruim. Na realidade guardamos coisas velhas e inúteis por várias razões, como veremos a seguir.

Apesar de serem muitas as razões porque guardamos objetos inúteis, existem as principais, como por exemplo:

  • Recebemos de presente como uma gentileza de outra pessoa;
  • Memórias afetivas, pois só de olhar para ele já nos transporta para o passado;
  • Sentimento, guardar esse objeto nos proporciona mais conforto;
  • Praticidade, apesar de não usá-lo, não está quebrado, portanto não há motivo para descartá-lo;
  • Quem sabe um dia volte a ser útil, nesse caso não precisaremos comprar outro;
  • Temos espaço para armazenar, então não temos porque não guardá-lo;
  • Falta de tempo com a vida corrida, portanto para que perder tempo com organização.
Valor sentimental

Muitas vezes, as pessoas guardam objetos que, em teoria não têm mais uso, porque eles têm um valor sentimental. Essas coisas podem estar associadas a memórias especiais, eventos importantes ou pessoas queridas que já partiram.

Sendo assim, mesmo que esses objetos não tenham um uso prático atualmente, eles podem evocar emoções positivas e estabelecer uma conexão boa e emotiva com o passado.

Possível utilidade no futuro

Algumas pessoas guardam coisas velhas e estragadas na esperança de que elas possam ser úteis no futuro. Elas acreditam que esses objetos possam ser consertados, ter partes reutilizadas ou até mesmo vendidos ou reciclados.

Portanto, embora nem sempre esse seja o caso, guardar certos objetos pode ser visto como uma forma de preparação para possíveis necessidades futuras.

Valor histórico ou colecionável

Em alguns casos, guardamos objetos antigos por seu valor histórico ou por serem itens colecionáveis. Esses itens podem ser considerados raros, únicos ou terem marcado uma determinada época.

Sendo assim, o interesse em preservar esses objetos está ligado à apreciação da história, da cultura ou mesmo de um hobby.

Insegurança ou apego ao passado

Algumas pessoas podem ter dificuldade em se desfazer de coisas velhas e inúteis devido a uma sensação de insegurança ou medo de, com isso, perder algo importante. Elas podem acreditar que esses objetos são uma forma de segurança emocional ou material, mesmo que, não necessariamente, estejam certas.

Hábito ou falta de organização

Em certos casos, guardar coisas velhas pode se tornar um hábito arraigado ou resultado de uma falta de organização. As pessoas podem não se sentir motivadas o suficiente para revisar e descartar itens antigos, o que leva ao acúmulo de coisas ao longo do tempo.

É importante lembrar que guardar coisas velhas, inúteis ou estragadas em excesso pode levar à desordem e à falta de espaço, além de dificultar a organização e a manutenção de um ambiente saudável.

Sendo assim, é recomendável avaliar regularmente quais itens são realmente significativos e úteis, considerando a possibilidade de doar, vender ou descartar o que não é mais necessário.

É claro que até aqui não tratamos nesse texto sobre o Transtorno de Acumulação Compulsiva, que são pessoas que, por algum motivo, acumulam praticamente tudo. Isso é uma doença, conforme veremos a seguir.

por que guardamos coisas velhas e inúteis - quinquilharias

O que é o Transtorno de Acumulação Compulsiva

Pessoas que sofrem de transtorno de acumulação têm dificuldades permanentes de se livrar ou se desfazer de objetos devido a uma necessidade compulsiva de guardar esses itens. Isso é diferente de quando guardamos coisas velhas e inúteis por um capricho ou pelos motivos que listamos acima.

Sendo assim, as tentativas de se desfazer de seus objetos criam sofrimento considerável e levam à atitude de “salvá-los”. A desordem resultante dessa compulsão limita a capacidade de usar os espaços de convivência

Acumular não é sinônimo de colecionar. Os colecionadores normalmente adquirem objetos de maneira organizada, intencional, racional e direcionada. Uma vez adquiridos, os itens são retirados do seu uso normal, mas estão sujeitos a serem organizados, admirados e exibidos para outras pessoas.

Contrariamente, a aquisição de objetos em pessoas que acumulam é em grande parte impulsiva, com pouco planejamento ativo e desencadeada pela visão de um objeto que poderia ser possuído.

Objetos adquiridos por pessoas com transtorno de acumulação carecem de um tema consistente, enquanto os de colecionadores são estritamente focados em um tópico específico.

Em contraste com a organização e exibição de posses observadas em uma coleção, a desordem é uma característica do distúrbio de acumulação.

A maioria das pessoas com transtorno de acumulação tem mais de 60 anos ou são pessoas de todas as idades com outros diagnósticos psiquiátricos, principalmente ansiedade e depressão.

A prevalência e as características do acumulador parecem ser semelhantes entre países e culturas. A maior parte das evidências sugere que o acúmulo ocorre com igual frequência em homens e mulheres. O comportamento de acumulação começa relativamente cedo na vida e aumenta em gravidade a cada década.

transtorno de acumulação compulsiva

Consequências do transtorno de acumulação

O transtorno de acumulação causa problemas nos relacionamentos com as pessoas próximas, atividades sociais e de trabalho, além de outras área de convívio social. Isso porque, quando guardamos coisas velhas e inúteis muitas vezes estamos invadindo o espaço de outra pessoa.

As consequências potenciais do acúmulo excessivo incluem questões de saúde e segurança, como riscos de incêndio, riscos de acidentes e de adquirir doenças.

Também pode levar a tensões e conflitos familiares, isolamento e solidão, falta de vontade de receber alguém em casa e incapacidade de realizar tarefas diárias, como cozinhar e tomar banho.

Como diagnosticar o Transtorno de Acumulação Compulsiva

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association), os principais sintomas para um diagnóstico de acumulação são:

  • Dificuldade persistente em descartar ou se desfazer de objetos, independentemente de seu valor real;
  • Essa dificuldade se deve à percepção da necessidade de guardar os itens e ao desconforto associado ao descartá-los;
  • A dificuldade de descartar objetos resulta no acúmulo de posses que congestionam e desordenam áreas de vida ativas e comprometem substancialmente seu uso pretendido. Se as áreas de convivência estiverem organizadas, é apenas por causa da intervenção de terceiros;
  • O acúmulo causa grande sofrimento ou problemas sociais, de trabalho ou outras áreas importantes de funções, entre elas a manutenção de um ambiente seguro para si e para os outros.

Uma avaliação para identificar a acumulação pode conter questões como:

  • Você tem dificuldade em se desfazer de bens, descartar, reciclar, vender ou doar?
  • Por causa da desordem ou do volume de objetos guardados, qual é o grau de dificuldade de usar os cômodos e os espaços de sua casa?
  • Até que ponto sua acumulação, poupança, aquisição e desordem afetam seu dia?
  • Quanto esses sintomas interferem na escola, no trabalho ou na sua vida social ou familiar?
  • Quanta angústia esses sintomas lhe causam?
Outras formas de diagnosticar

Os profissionais de saúde mental também podem pedir permissão para falar com amigos e familiares para ajudar a fazer um diagnóstico ou usar questionários para ajudar a avaliar a profundidade do problema. Isso porque algumas pessoas com transtorno de acumulação podem reconhecer que têm um problema em acumular posses, enquanto outros podem não ver um problema nesse hábito.

Além disso, a aquisição excessiva ocorre na grande maioria dos casos e, embora não seja um recurso diagnóstico central, deve ser cuidadosamente monitorada. Ou seja, nem sempre quando guardamos coisas velhas e inúteis estamos doentes, pode ser uma mania fácil de resolver.

Outros problemas associados à acumulação

Além das principais características de dificuldade de descarte e desordem, muitas pessoas com transtorno de acumulação também têm problemas associados, como indecisão, perfeccionismo, procrastinação, desorganização e distração. Esses recursos associados podem contribuir muito para seus problemas de funcionamento e gravidade geral.

Muitas pessoas com transtorno de acumulação também apresentam outros transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade, transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade ou transtorno do uso de álcool.

Causas e riscos da acumulação compulsiva

As causas do transtorno de acumulação ainda são desconhecidas. Devido à sua classificação recente, a neurobiologia do transtorno de acumulação é um campo recém-desenvolvido, tornando difícil tirar conclusões definitivas. Nem sempre que guardamos coisas velhas e inúteis estamos sofrendo por isso.

A acumulação é mais comum entre as pessoas com um membro da família que também tem problemas com a acumulação. Além disso, um evento estressante, como a morte de um ente querido, pode piorar os sintomas de acumulação.

Vários déficits de processamento de informações foram associados à acumulação, entre eles planejamento, resolução de problemas, aprendizado e memória visuoespacial, atenção sustentada, memória de trabalho e organização.

Comportamentos de acumulação aparecem relativamente cedo e depois seguem um curso crônico. A maioria dos estudos relata o início entre 15 e 19 anos de idade. O reconhecimento precoce, o diagnóstico e o tratamento são fundamentais para melhorar os resultados.

Tratamento do Transtorno de Acumulação Compulsiva

O tratamento pode ajudar as pessoas com transtorno de acumulação a controlar suas economias, aquisições e desordem e a viver vidas mais seguras e agradáveis.

Ensaios clínicos randomizados estabeleceram a terapia cognitivo-comportamental (TCC) para transtorno de acumulação como um tratamento eficaz.

Durante a TCC, as pessoas com o transtorno aprendem gradualmente a descartar itens desnecessários com menos sofrimento. Sendo assim, elas diminuem sua necessidade exagerada ou desejo de salvar esses objetos. Elas também aprendem a melhorar habilidades como organização, tomada de decisões e relaxamento.

Apesar da eficácia da TCC para transtorno de acumulação, um número substancial de casos de transtorno de acumulação permanece clinicamente prejudicado por seus sintomas de acumulação após o tratamento.

Em relação ao tratamento com medicamentos, os estudos de psicofarmacologia do transtorno de acumulação têm sido pequenos e abertos, o que limita as conclusões que podem ser tiradas. Até o momento, não há estudos controlados para apoiar a eficácia.

De qualquer forma, se você acredita que possa estar com esse transtorno, ou que alguma pessoa querida está passando por isso, o ideal é procurar ajuda profissional.

Guardar coisas velhas e quebradas dá azar?

A crença de que guardar coisas velhas e quebradas pode trazer azar é uma superstição que varia de acordo com diferentes culturas e tradições. Quando guardamos coisas velhas e inúteis sem termos um problema de transtorno, isso é uma decisão pessoal.

Algumas culturas e religiões acreditam que objetos antigos podem acumular energia negativa de antigos proprietários ou atrair espíritos indesejados.

No entanto, não há evidências científicas que comprovem a existência desses fenômenos, sua base é a crença popular mesmo.

Portanto, a decisão de guardar ou descartar objetos antigos é pessoal e depende das crenças individuais de cada pessoa. Algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis ou supersticiosas em relação a isso, enquanto outras podem apreciar a história e o valor sentimental dos objetos antigos.

Se você se preocupa com a possibilidade de azar relacionado a objetos antigos, então considere organizá-los, descartá-los, ou até mesmo doá-los, caso não tenham mais utilidade para você. Isso pode ajudar a eliminar a sensação de acumulação excessiva de coisas e proporcionar uma sensação de renovação e organização.

O mais importante é seguir o que faz você se sentir confortável e feliz em seu ambiente e em sua vida.

mulher organizando suas coisas

Como fazer para desapegar de coisas velhas?

Quando guardamos coisas velhas e inúteis uma das coisas que pode nos fazer sofrer é tentar desapegar delas. Isso porque boa parte dos objetos que guardamos contém uma história associada a ele.

Portanto, a seguir vamos listar algumas dicas sobre como fazer isso.

Como decidir sobre quais objetos desapegar?

Se você chegou até aqui nesse texto, então é provável que já venha pensando em se desapegar de algumas coisas. Portanto, esse é um passo importante.

Talvez essas “algumas coisas” estejam gerando muita bagunça, ou talvez você esteja precisando liberar espaço em sua casa, ou talvez seja porque simplesmente você esteja reorganizando sua vida e suas coisas.

Independente do motivo, se você sentiu essa necessidade então aproveite e vá até o final.

No entanto, antes de mais nada tenha uma boa noção do motivo pelo qual você está desapegando, assim como a gravidade da situação. Por exemplo, você acumula coisas a ponto delas atrapalharem a rotina da casa? Então o desapego terá que ser radical e, provavelmente com a ajuda de um profissional de saúde.

Mas, se não for esse o caso e você só está atrás de dicas para uma questão já decidida, então confira as que listaremos a seguir.

Dicas para se livrar de coisas velhas guardadas

Saiba porque você está despegando: A melhor forma de tornar mais fácil o processo de desapego é saber exatamente o motivo pelo qual você está fazendo isso. É para liberar o espaço de uma garagem? O quarto de guardados está cheio? Quer deixar sua casa mais bonita e organizada? Seja qual for o motivo, mantenha-o em mente e imagine o resultado final. Essa é uma boa forma de manter a coragem de prosseguir.

Tenha em mente que você está ajudando outras pessoas: se você vai doar o que está desapegando essa é uma outra excelente forma para se manter motivado. É um ótimo incentivo saber que com seu desprendimento você vai poder ajudar outras pessoas. Ou seja, você está doar um objeto que não tem mais uso para você mas que outra pessoa está precisando. Isso é comum, termos objetos que para nós estão ultrapassados ou perderam a utilidade mas que ainda estão em condições de uso e farão feliz outra pessoa.

Na dúvida, faça uma análise criteriosa: É essencial que você esteja convencido que vai se livrar de algo inútil mas que fara outra pessoa feliz. Sendo assim você desapega sem sofrer.

Pergunte-se por que motivo você está guardando determinado objeto ou quanto tempo faz que você não o utiliza. Quanto mais você questionar seus guardados mais difícil será encontrar desculpas para mantê-los.


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